Meu medinho é um medão

Sabe, tenho um medinho de escrever sobre algumas coisas. Escrevo procurando a confirmação ou clareamento das coisas, por isso tenho um medinho. Isso pode não fazer tanto sentido pra você. Na verdade, só isso não faz sentido nem pra mim. Eu tenho a necessidade de escrever para ter certeza, para entender... Para me entender. Por isso eu adio ao máximo para escrever algumas coisas, pois sei que o choque de realidade que vou ter vai ser muito grande e destrutivo. Quando são apenas pensamentos, posso fingir que é tudo coisa da minha cabeça e misturar com meus pensamentos mais malucos - que geralmente envolvem uma guerra espacial -, que tudo continua bem pela minha concepção. É quase assim que vivo. São minhas loucuras habituais que ninguém sabe que existe. Mas, quando escrevo o jogo vira, a realidade é jogada na minha cara e muitas vezes o meu mundo desaba. Depois que escrevo, não consigo fingir que está tudo bem. Não sei o porquê, só não da mais. O universo que criei se separa do que é real e consigo enxergar com clareza o que é real e o que não é. Depois as coisas mudam ou tudo se esclarece. Só depende da minha situação. Por mais que eu saiba perfeita o que estava acontecendo é sempre um choque quando preciso cair na real e tudo só faz sentido - pra mim - quando ta no papel. Esse é meu medinho. Talvez seja por causa dele que eu viva nas nuvens - ou talvez seja porque é mais legal. E é por causa dele que deixo coisas boas irem pra sentar e imaginar um mundinho qualquer. A realidade me assusta. Me escondo atrás de ficções. Perco oportunidades. Talvez a realidade não valha a pena. Qual é? É tudo culpa do medinho.